segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Lowrider: Um estilo de vida

Por Rhoger Fellipe e Wallacy Ferrari


Você já ouviu falar da cultura Lowrider? Provavelmente sim, porém, para quem é novo neste mundo de automóveis, vamos contar um pouco sobre este estilo de vida tão famoso, que surgiu lá na década de 50 e está presente no cotidiano de muitas pessoas.  

Naquela época, no estado da Califórnia, nos Estados Unidos, as autoridades locais proibiram as customizações de veículos, impedindo a galera de usar carro rebaixado. Como a polícia só fiscalizava a altura do automóvel, os americanos, inteligentes, inventaram um modo de abaixar e levantar a suspensão na hora em que queriam, do lado de dentro do carro.

É claro que se fosse no Brasil todo mundo já ia vir com aquela história do “jeitinho brasileiro”. Os Lowriders tinham tanta habilidade, que além de encostarem a carroceria no chão, eles também executavam manobras de duvidar, como andar sobre três rodas, o famoso Three Wheel Motion


Manobra conhecida como Three Wheel Motion - Crédito: Youtube







Se você já está imaginando o barulho do ar saindo dos pistões quando o carro abaixa ou levanta, sinto muito, mas, você está enganado. A suspensão do Lowrider é hidráulica e é alimentada por várias baterias, que geralmente ficam no porta-malas. De dentro do carro o motorista controla a altura por um jogo de chaves individuais para cada roda, sendo possível pular ou fazer o tal do Three Wheel Motion.  


Infográfico sobre os diferenciais do Lowrider - Fonte: Discovery Channel


O automóvel mais famoso desta tradição é o Chevrolet Impala, que foi usado bem no início, mas, apesar da maioria destes carros serem dos anos 50 ou 70, hoje em dia há muitas pessoas que não medem esforços para gastar dinheiro na customização destas máquinas. Muitos rappers americanos colocam até rodas banhadas a ouro, diamantes e alguns banham até o motor com metais preciosos. Haja grana! 

Já no Brasil a cultura Lowrider só apareceu em 1997, por Sérgio Japonês, do New Mafia Car Club, do Japão. Foi ele quem trouxe o primeiro Kit Hydraulics - de suspensão - e instalou num Galaxie 68. Hoje em dia existe um Car Club em São Paulo, que foi idealizado por Alemão, que em 95 já tinha duas bicicletas Lowrider, e por Tatá, que adapta os carros. Quando o assunto é Lowrider no Brasil, é impossível deixar de fora esses três nomes, que representam o que tem de melhor dessa filosofia de vida no país, apesar de, ainda, estar em fase de crescimento.

Frases e conteúdos relacionados a esta cultura são, atualmente, encontradas no Hip Hop. No ano de 2002, o grupo Racionais MC’s lançou seu primeiro disco na era do milênio, chamado “Nada como um dia após o outro dia”, na capa. Eles fazem alusão à cultura Lowrider e até hoje fazem sucesso nas periferias de São Paulo. 





Quem é Tatá?


José Américo Crippa Filho, o Tatá, é empreendedor há mais de duas décadas, já teve muitos negócios, todos na região da Mooca, bairro em que nasceu. Por 19 anos foi dono de um lava rápido. Conciliou as lavagens com outra empresa, que alugava carros antigos para casamentos. Não dá para negar que ele sempre foi apaixonado por automóveis antigos, e, como o vinho, quanto mais velho, melhor. 

Atualmente, Tatá é dono da “Cadillac Burger”, que além de sua segunda paixão, é uma das hamburguerias com temática norte-americana mais famosas de São Paulo. Sobre suas inspirações para abrir o estabelecimento, Tatá afirma: “Nos Estados Unidos, acontecem muitos encontros de Lowriders nas hamburguerias. Foi isso que me motivou a abrir a Cadillac”. 

Hoje Tatá, além de entender de lowriders, é responsável pelo Distrito Mooca, um polo de economia criativa, com galerias de arte, estúdios de tatuagem, lojas de discos e de antiguidades e barbearias, além de sua hamburgueria. 

“Eu criei o Distrito mais com o objetivo de revitalizar essa parte do bairro do que qualquer outra coisa. Meu papel é servir como intermediário entre os donos dos imóveis vazios e pessoas que desejam empreender aqui”, comenta. Ele diz que sua meta, futuramente, é que o Distrito Mooca seja parecido com o bairro de Wynwood, em Miami, nos EUA. “Wynwood era um bairro abandonado e hoje é um dos lugares mais bacanas de Miami. Espero fazer o mesmo por aqui.”


Tatá, além de ser famoso com os Lowrider, é dono de uma hamburgueria - Crédito: Youtube


Sua vida


Tatá sempre dedicou-se a transformar automóveis em lowriders, e esta paixão por esse tipo de veículo fez com que ele fosse uma das estrelas do programa Lowrider Brasil, do Discovery Channel, além de adaptar carros para Chorão, do Charlie Brown Jr e Mano Brown, dos Racionais MCs. “No entanto, os lowriders são mais um hobby, feito para pessoas próximas”, diz. 

O empresário é líder de um dos car clubs mais importantes do país, o Vida Real. Por mais que o clube tenha cerca de 100 integrantes, a missão de conseguir fazer parte do grupo não é tão simples assim. Só entra quem é convidado ou faz por merecer. O processo para avaliar um novo membro é tão rigoroso que alguns apelidaram esse momento de seleção como “a peneira do Tatá”. “Não vamos fazer carros para qualquer um. O movimento é um estilo de vida, não é modinha, não é comédia”, afirma.

A vida de José Américo Crippa Filho é assim: um pouco empresário, ama seu bairro, apaixonado por carros, às vezes estrela de TV e jurado de clube lowrider. Tatá, apesar do jeitão de sério, carrega um sorriso e vontade de viver. Sinceramente, vale a pena conhecer este cara. A Cadillac Burger fica na rua Juventus,  nº 296, no Parque da Mooca, em São Paulo. Você pode fazer seus pedidos pelo delivery, que é bem útil nesta época de pandemia. As reprises do Programa Lowrider Brasil estão disponíveis no Youtube.


Alemão e Japonês: outros nomes ícones do Lowrider


Japonês e Alemão são considerados "deuses" do Lowrider - Crédito: Ronald Gomes