O Fusca Club ABC é um dos Car Clubs mais conhecidos do Brasil - Crédito: Divulgação/Facebook |
Fundado em 1998, o Clube do Fusca do ABC ou Fusca Club ABC, no gringo, conta, atualmente, com mais de 1100 sócios, mas, nem sempre foi assim. Quando surgiu a ideia de criar um clube de amantes de Carocha (nome que se dá ao carro em Portugal), Edivaldo Hidalgo Fernandez, o Edi, e Luciano Brandolim, eram os únicos participantes do movimento, que foi crescendo com o decorrer do tempo. Era um “clube” formado por duas pessoas, apenas. Porém, a tendência era somente de crescimento, pois, segundo Edi, a confiança nos amigos lhes dava a certeza de que tudo daria certo. E deu…
Como naquela época não havia tanta tecnologia que pudesse ajudar os rapazes a divulgar a novidade, eles tinham que fazer tudo de um jeito raiz. Imprimiam folhetos e espalhavam por toda região do ABC Paulista e confiavam, também, na boa e velha propaganda “boca a boca”. A notícia foi se espalhando e, de dois integrantes, o clube passou a ter dez, vinte, cem, mil e até mais. Edi conta que com o surgimento do e-mail, a caixa de entrada deles chegou a receber dez mil mensagens de pessoas querendo se associarem. Infelizmente, nem todos recebiam a resposta por conta do chamado Spam. Os anos se passaram e, nos dias atuais, ficaram só os que amam o clube e, principalmente, o carro. Essa galera toda se reúne com frequência para se divertirem ao lado dos verdadeiros amigos e para falarem de tudo sobre seus xodós, nome carinhoso que dão aos seus veículos. O Fusca Club, além de brasileiros, tem parceiros de outros países, como Argentina, Colômbia, Chile, Peru, Portugal, Alemanha, entre outros lugares do mundo. Encontros internacionais não são constantes, mas a amizade e a “zoeira” pelo Whatsapp, sim.
Edi Fernandez também é apresentador dos encontros de Fusca - Crédito: Divulgação/Facebook |
Para Edi Fernandez, a paixão pelo Fusca veio de berço. Seu pai trabalhou por 25 anos na fábrica da Volkswagen, o que dava a ele a oportunidade de fazer visitas à montadora. A vista panorâmica do local, que era e é gigante, e a sensação de liberdade ao sentar no banco de um carro, fizeram do, até então, garoto um “louco” por veículos da marca. A amor foi tão grande que, há 29 anos, Edi trabalha no mesmo local do pai. Exatamente na mesma função e no mesmo departamento. Seu pai saiu da empresa dias depois que Edi começou a trabalhar.
Haja história...
Agora que você já sabe como surgiu o Clube do Fusca ABC, e um pouco de seu principal fundador, vamos conhecer alguns dos integrantes. Fomos até o Estância Alto da Serra, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, para sabermos o que motivou aquela galera a fazer parte deste grupo. Só para adiantar, história é o que não falta para esta turma…
Gabriel Andrade, de 21 anos, teve seu primeiro contato com o Fusca bem cedo, pois, sua mãe, à caminho do hospital para dar à luz o menino, viu sua bolsa estourar e o bebê nascer ali mesmo, dentro do carro. Gabriel literalmente nasceu dentro de um Fusca. Ele conta, ainda, que, com quatro anos de idade, seu pai deixou o carro, que nem precisa citar o modelo, parado em uma subida e foi conversar com um amigo. O pequeno Gabriel estava esperando, quando viu o veículo descer, do nada, morro a baixo. A reação da criança foi passar para o banco da frente e frear o automóvel, que foi desacelerando até parar. Não se esqueça: Gabriel tinha, apenas, quatro anos naquela época. Isso é o que podemos chamar de gosto de criança.
Gabriel nasceu dentro deste carro. Dá para acreditar? -Crédito: Ronald Gomes |
Um outro integrante, Paulo, também tem contato com carros antigos há muito tempo, não igual Gabriel, mas, começou a se interessar por veículos de coleção desde sua adolescência. Seu Besouro Alemão (apelido do Fusca por conta de sua aparência e origem) com um visual Rat Look, que parece velho ou inacabado, fez com que os amigos passassem a chamar Paulo de Ratuna, em referência ao estilo do veículo. Entretanto, de inacabado o carro só tem aspectos, porque, em seu interior foi tudo bem pensado para dar muito conforto aos passageiros. Paulo conta que usa seu Fuscão para ir a qualquer lugar, do trabalho ao lazer. Ratuna não se esquece de uma história meio inusitada que aconteceu com ele. Certo dia estava no trânsito, quando um homem e uma mulher bateram no vidro do carro e pediram carona, pois o carro deles havia quebrado e eles precisavam ir até uma oficina. Ele ficou assustado, mas, não negou ajuda ao casal. No trajeto, eles disseram que só pediram apoio para Paulo, porque, qualquer outra pessoa em um carro “normal” iria achar que fosse assalto. Ao ver o Fusca naquele estilo, eles pensaram que a chance de conseguir auxílio era maior. Paulo os ajudou e passou a ter ainda mais orgulho de seu veículo.
Paulo Ratuna contou que vende tudo, menos este carro - Crédito Rhoger Fellipe |
Família motorizada!
A maioria dos sócios do Clube admitem ter começado a gostar de carros antigos por conta dos pais, que aprenderam com os avós. O amor passado de geração em geração é muito real, pois, no dia da nossa visita ao Estância, nos deparamos com Flávio, um paizão que leva toda a família para participar dos encontros. O pequeno Guilherme ganhou de presente um fusquinha igualzinho ao do pai. Flávio disse que o caçula não esconde a vontade que tem para dirigir e que sempre incentiva os filhos a terem esta paixão pelos automóveis. Até a união do casal faz relação com o Fusca, porque, Flávio conheceu sua esposa quando era dono de um, e nas idas e voltas que eles davam juntos, saiu o casamento, e depois as crianças.
Flávio não teve filhos gêmeos, mas os carros sim - Crédito: Rodrigo Araujo |